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13-10-2012

Jornadas de Engenharia do Ambiente: “O novo paradigma Económico e os desafios Ambientais” em destaque na UA.


“Não comas hoje as sementes que vais precisar para as sementeiras de amanhã”. Este provérbio popular, citado por Carlos Borrego, ...

“Não comas hoje as sementes que vais precisar para as sementeiras de amanhã”. Este provérbio popular, citado por Carlos Borrego, Director do DAO/UA e do IDAD, é o cerne do desenvolvimento sustentável, tema central das primeiras Jornadas de Engenharia do Ambiente “O novo paradigma Económico e os desafios Ambientais”, realizadas no Departamento de Ambiente e Ordenamento (DAO) da Universidade de Aveiro (UA), por iniciativa conjunta do DAO e do Núcleo de Estudantes de Engenharia do Ambiente (NEEA) da Universidade de Aveiro, com o patrocínio do IDAD – Instituto de Ambiente e Desenvolvimento e da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), cujos trabalhos abriram com a intervenção de Ângela Martins, coordenadora do NEEA, que fez um breve historial do núcleo.

Sociedade, Ambiente e Economia são os três pilares do desenvolvimento sustentável, no qual o Homem assume o papel fulcral, pelo que a sua adesão é fundamental para que ele se concretize. Para Carlos Borrego, a sustentabilidade não se consegue somente pela imposição de taxas e coimas, porque “não podemos fazer nada sem as pessoas”, tanto mais que ela também depende da “capacidade individual” para resolver as questões que se colocam diariamente.

Depois de historiar as várias “revoluções” que marcaram o desenvolvimento humano, desde a “descoberta da agricultura”, há cerca de 8 mil anos, até ao presente, Carlos Borrego alertou pra o facto de estarmos a “chegar à situação em que as alterações são de tal modo rápidas que se pode chegar abruptamente a um ponto em que a espécie humana não se consiga adaptar a essas mudanças e inviabilize a sua continuidade”, ainda que afirme convictamente que “acredito no futuro e acredito que vamos mudá-lo”, e que “nós humanos, não somos uma espécie em extinção”. Mas, para isso, é necessário reconhecer que “não é possível crescer sempre” e que “temos de saber parar”. Após questionar se “o mundo conseguirá parar antes de atingir o colapso?” e se “haverá tempo e dinheiro para isso?”, Carlos Borrego deixou uma mensagem aos jovens alunos do curso de Engenharia do Ambiente, dizendo que “o destino está nas nossas mãos. Espero que a vossa geração consiga fazer melhor do que a nossa”.

Para Fernando Leite, da administração da LIPOR (Serviço Intermunicipal de Gestão de Resíduos do Grande Porto), “os resíduos são um recurso” porque “os recursos naturais são finitos”. Os resíduos são, cada vez mais, “minas” onde se podem extrair uma enorme quantidade de minerais, com destaque para os raros e valiosos, incluindo ouro. Deste mineral, pode-se conseguir cerca de dez quilos por cada quarenta mil toneladas de escória (cinza resultante da queima de resíduos para produção de energia). No entanto, Fernando Leite realçou que a LIPOR pretende aumentar a reciclagem e reutilização dos resíduos, através da recolha selectiva, diminuindo a percentagem de resíduos indiferenciados destinados a valorização energética. Neste momento, a produção de composto orgânico para agricultura é o destino dos resíduos orgânicos, enquanto os restantes resíduos recicláveis são encaminhados para as respectivas unidades de tratamento e valorização. A LIPOR vai iniciar no concelho da Maia, em parceria com a respectiva Câmara Municipal, a recolha selectiva domiciliária. Cada uma das cerca de 50 mil famílias daquele município recebe um ecoponto para fazer a selecção dos seus resíduos. Também os antigos aterros foram selados e valorizados, sendo hoje áreas de lazer.

Ricardo Garcia, jornalista do jornal “Público” e autor de dois livros sobre ambiente, demonstrou que cada cidadão pode, de forma individual, aumentar a sustentabilidade do planeta, agindo de forma responsável para com o ambiente e a sociedade, desde os transportes até à escolha dos equipamentos eléctricos. Apesar de reconhecer que “a crise é uma boa oportunidade para mudar o sistema económico”, Ricardo Garcia considera que em Portugal “é uma oportunidade perdida porque o desenvolvimento sustentável não está na mente dos políticos”. “A reciclagem é um alibi”, sublinhou Ricardo Garcia, para quem a solução dos resíduos passa essencialmente pela redução do consumo porque ”o consumo é que cria o lixo”. Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável são dois conceitos muito ligados às cidades inteligentes, como explicou Teresa Ponce de Leão, directora do LNEG – Laboratório Nacional de Energia e Geologia, instituição que congrega muita da investigação que se faz em Portugal nesse sector, participando também em diversas redes e parcerias internacionais. Para além dos novos projectos urbanísticos e de arquitectura, Teresa Ponce de Leão realçou que “a nossa economia tem de se virar para a reabilitação e recuperação dos imóveis e dos centros históricos”. Para a responsável do LNEG, a “sustentabilidade é termos responsabilidade, sensibilidade e bom senso no nosso dia-a-dia”.

Fernando Coelho, voluntário na Associação de Engenheiros para o Desenvolvimento e Assistência Humanitária (EpDAH), que possui um núcleo em Aveiro, mostrou como se pode contribuir para a sustentabilidade e ajudando comunidades desfavorecidas, através do desenvolvimento de projectos simples e de equipamentos de engenharia ligeira construídos a partir da reutilização de resíduos, princípios também aplicáveis à arquitectura, como ficou demonstrado no próprio campus da Universidade de Aveiro com a construção de uma “casa” com materiais reciclados e reutilizados, e ainda na horta promovida no âmbito do projecto HortUA.

Miguel Coutinho, Secretário-Geral do IDAD, focou, na sua intervenção, o papel que os eventos podem ter na promoção da sustentabilidade, já que num curto espaço de tempo e num local muito limitado, podem concentrar milhares de pessoas, o que tem grandes impactos na comunidade local e no meio ambiente envolvente. Devido a esse impacto, os grandes eventos devem ter gestão sustentável, referiu Miguel Coutinho, dando como exemplo os Jogos Olímpicos de Londres, realizados este ano, em que houve uma gestão sustentável do evento, que não se limitou ao evento em si, mas que decorreu desde os projectos iniciais e se prolongou com os impactos pós-evento. A gestão sustentável de eventos deve ter em consideração questões como a seleção do local, os transportes dos participantes e do público, o recrutamento de profissionais e de voluntários, a gestão e planeamento dos eventuais legados do evento, entre outras, havendo já uma norma de certificação internacional: a ISO20121-2012.

O IDAD tem estado envolvido na gestão de alguns grandes eventos, como é a World Bike Tour (Lisboa, Porto, Madrid, S. Paulo), tendo já grande experiência a esse nível, pelo que Miguel Coutinho afirmou que “é fundamental planear e antecipar os impactos do evento”, não só durante o evento mas também após o seu termo, como ainda no que se refere aos participantes e à comunidade local.

Isabel Lança, coordenadora do Conselho Regional do Centro do Colégio do Ambiente da Ordem dos Engenheiros, perspectivou um aumento considerável de oportunidades futuras para os engenheiros do ambiente, dizendo que, em 2030, prevê-se a existência de mais de vinte milhões de empregos “verdes” especializados. Neste momento, há nichos de mercado que começam a surgir e onde ainda há pouca oferta de especialistas, dando como exemplo consultores de riscos ambientais em companhias de seguros, profissões que podem ser desempenhados por engenheiros do ambiente.


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